Nota Editorial

Este blog não se apresenta ligado a qualquer organização ou instituição relacionada, directa ou indirectamente, com a Protecção Civil e ao socorro. Não existe aqui qualquer intenção ou presunção de substituir os espaços oficiais das organizações que tutelam esta área ou de outras que com ela estejam relacionadas ou ligadas, quer do ponto de vista informativo, quer do ponto de vista técnico.
É um blog criado por um cidadão com interesse na área da Protecção Civil e que pretende, com o que neste espaço é publicado, dar a conhecer e, se possível, envolver outros cidadãos nas questões ligadas com as matérias da prevenção, mitigação, resposta e recuperação dos diversos tipos de emergências ou catástrofes.
Comunicar possíveis riscos e acções de resiliência é o principal objectivo deste espaço, sempre do ponto de vista de uma cidadania que se quer atenta e participativa.
A frase "todos somos Protecção Civil" é o lema deste espaço.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Comunicação e Prevenção: nem sempre fazer tudo bem é suficiente


Na noite de ontem, quando surgiu a ideia de fazer este texto com o objectivo de elogiar a Marinha Portuguesa, a Autoridade Marítima Nacional, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Autoridade Nacional de Protecção Civil, os diversos serviços municipais de Protecção Civil, os demais agentes do sistema e, é justo dizê-lo desta vez, a comunicação social (apesar de em relação a esta ter um reparo a fazer...) pelo excelente trabalho de divulgação da informação e de prevenção de risco associado à tempestade Doris, surge a notícia da mulher que foi arrastada pelo mar em Ílhavo, sendo que as outras pessoas envolvidas conseguiram salvar-se. À hora que escrevo este texto, o corpo da senhora ainda não foi encontrado. Contudo, infelizmente, não será difícil adivinhar qual o desfecho desta tragédia

Um triste acontecimento, motivado, certamente, por comportamento negligente por parte daquele grupo de pessoas, que depois de todos os avisos e de todos os alertas, mesmo assim, acharam que deveriam estar no areal de uma praia num dia de risco meteorológico máximo no que às condições do mar diz respeito.

Mesmo assim, tal como atrás foi escrito, o sentido inicial que motivou a escrita destas linhas mantém-se. Todas as instituições e órgãos acima mencionados, merecem elogio pelo trabalho desenvolvido nos últimos dias. Falamos numa tempestade que segundo o IPMA se assemelhava na sua dimensão à tempestade Hércules, que em 2014 provocou diversos estragos junto da orla costeira do nosso país. Desde o fim da semana passada que foi iniciado um meritório trabalho de comunicação de risco por parte das autoridades, quer nas redes sociais, quer junto dos órgãos de comunicação social (tendo estes o mérito da respectiva divulgação). Durante os últimos dias, foi também visível o trabalho dos serviços municipais de Protecção Civil na mitigação dos possíveis riscos da tempestade (que, certamente, se iriam confirmar caso nada fosse feito), construindo barreiras de areia, apelando às populações que vivem junto da costa que preparassem as suas casas ou estabelecimentos comercias para a possível chegada da água junto das mesmas, cortando estradas marginais, vedando o acesso a praias e pontões, etc.

Se muitas vezes "condenamos" a negligência por parte dos diversos organismos ou fazemos reparos à sua actuação, também é justo elogiar quando estes têm um comportamento proactivo e preventivo. Mesmo o triste episódio de ontem em Ílhavo não pode apagar isto. Existirão sempre pormenores que podem ser melhorados, mas melhor comunicação do risco que esta tempestade marítima demonstrava ter, penso ser difícil de efectuar. E se mesmo com toda esta informação/divulgação algumas pessoas insistem em ter comportamentos de risco, imaginem então quando a mesma não é disponibilizada...

Neste momento a costa do nosso país encontra-se com aviso meteorológico laranja e esperamos que mais nenhuma tragédia ocorra entretanto. Contudo, penso ser justo elogiar o trabalho efectuado pelas autoridades e organismos envolvidos e, sobretudo, replicar no futuro a estratégia proacticva de comunicação e prevenção dos riscos para outros episódios, sejam eles de que natureza forem, que, com toda a certeza e cada vez maior frequência, irão ocorrer.

PS: Como disse atrás, a comunicação social teve também um papel importante na divulgação da informação por parte das autoridades. Deu o destaque devido ao risco que envolvia a tempestade Doris, sendo este episódio mais uma prova da importância dos órgãos de comunicação social (todos eles) no processo de comunicação de risco. Contudo, o reparo que gostaria de fazer é o seguinte: os pedidos para as pessoas enviarem fotos e vídeos para as redacções (mesmo que estes sejam acompanhados da recomendação para que o registo seja feito em segurança), leva, certamente, as pessoas que o querem fazer, a sentirem a tentação de se aproximarem o mais possível das zonas de risco na busca da melhor imagem possível. Se as pessoas já o fazem por si só, com este incitamento à divulgação de imagens terão ainda mais uma "razão" para o fazer. Uma situação que merece ser revista.

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