Nota Editorial
Este blog não se apresenta ligado a qualquer organização ou instituição relacionada, directa ou indirectamente, com a Protecção Civil e ao socorro. Não existe aqui qualquer intenção ou presunção de substituir os espaços oficiais das organizações que tutelam esta área ou de outras que com ela estejam relacionadas ou ligadas, quer do ponto de vista informativo, quer do ponto de vista técnico.
É um blog criado por um cidadão com interesse na área da Protecção Civil e que pretende, com o que neste espaço é publicado, dar a conhecer e, se possível, envolver outros cidadãos nas questões ligadas com as matérias da prevenção, mitigação, resposta e recuperação dos diversos tipos de emergências ou catástrofes.
Comunicar possíveis riscos e acções de resiliência é o principal objectivo deste espaço, sempre do ponto de vista de uma cidadania que se quer atenta e participativa.
A frase "todos somos Protecção Civil" é o lema deste espaço.
terça-feira, 24 de julho de 2018
Discursos de 1986 e 2017 e como pouco mudou...
Acabei, por estes dias, a leitura do livro "Cercados Pelo Fogo em Águeda", da autoria do Prof. Xavier Viegas, que relata e analisa o acidente que vitimou treze bombeiros e três civis, em Junho de 1986, num incêndio florestal em plena Serra do Caramulo. Recorde-se que este acidente foi antecedido, um ano antes, por um outro que vitimou catorze bombeiros num incêndio florestal, em Armamar, que também foi alvo da investigação do mesmo autor e que resultou na publicação do livro "Cercados Pelo Fogo em Armamar".
O Prof. Xavier Viegas decidiu, no final do livro, colocar como anexos as intervenções dos deputados na Assembleia da República, na sequência do acidente. É curioso verificar que, trinta e um anos passados, estes discursos bem que poderiam ter sido retirados dos discursos efectuados no ano passado aquando dos trágicos acontecimentos de Pedrogão e de Outubro.
Questões, mais ou menos, pertinentes ou outras com real ou duvidoso impacto, tais como, o ordenamento do território e da floresta em particular; a expansão da monocultura do eucalipto; o abandono do interior; a falta de gestão de combustíveis junto das casas e aglomerados populacionais; a "famosa" questão do "fogo posto"; ou a falta de aposta na prevenção, foram à época referidas pelos diversos grupos parlamentares. O curioso é que, ao lermos a transcrição destas intervenções, é como se estivéssemos a ler as transcrições das intervenções dos deputados em 2017 que, infelizmente, foram em dose dupla e com um rasto de tragédia bem maior.
A triste conclusão que se pode retirar, é simples: em trinta anos, o que se fez para melhorar foi pouco. Pior: com as alterações climáticas e o abandono a que uma parte significativa das nossas florestas foram sujeitas, criou-se uma situação ainda mais insustentável do que na década de 80 e com as dramáticas consequências que presenciámos o ano passado. Resta formular um desejo: que, daqui a uns anos, quando forem publicadas outras obras sobre os tristes acontecimentos de 2017, que os discursos dos políticos nessa altura não se voltem a confundir com discursos do passado. Parecendo um pormenor, já seria sinal que algo tinha, verdadeiramente, mudado para melhor.
Ps: Infelizmente, à data que este texto é publicado, outra tragédia relacionada com incêndios florestais acontece. Desta vez, foi na Grécia. Sinal que o problema é global, que as alterações climáticas são uma realidade e que estas induzem a incêndios florestais em que o fogo tem um comportamento, verdadeiramente, explosivo e que quando exposto a florestas e a interfaces urbano-florestais sem o mínimo de ordenamento e tratamento, desencadeia verdadeiras tragédias como a que os gregos estão a viver.
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