Nota Editorial

Este blog não se apresenta ligado a qualquer organização ou instituição relacionada, directa ou indirectamente, com a Protecção Civil e ao socorro. Não existe aqui qualquer intenção ou presunção de substituir os espaços oficiais das organizações que tutelam esta área ou de outras que com ela estejam relacionadas ou ligadas, quer do ponto de vista informativo, quer do ponto de vista técnico.
É um blog criado por um cidadão com interesse na área da Protecção Civil e que pretende, com o que neste espaço é publicado, dar a conhecer e, se possível, envolver outros cidadãos nas questões ligadas com as matérias da prevenção, mitigação, resposta e recuperação dos diversos tipos de emergências ou catástrofes.
Comunicar possíveis riscos e acções de resiliência é o principal objectivo deste espaço, sempre do ponto de vista de uma cidadania que se quer atenta e participativa.
A frase "todos somos Protecção Civil" é o lema deste espaço.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Surto de legionella: o que preocupa e o que tranquiliza


Agora que o número de infectados pelo surto de legionella na região de Vila Franca de Xira começa a diminuir (sendo certo que ainda irão surgir novos casos e, provavelmente e infelizmente, mais vítimas mortais), talvez já seja possível fazer uma análise do que se passou, das causas, da resposta ao surto, criticando e apontando as falhas e elogiando aquilo que foi positivo.

Se há algo que ficou claro neste acontecimento, no meu ponto de vista, são as falhas que ainda existem na prevenção e fiscalização a possíveis situações que possam pôr em causa a saúde ambiental e, em última instância, a saúde pública. Não conheço a legislação em vigor e não vou afirmar se deve ser o Estado ou as entidades privadas (parecendo-me lógico que sejam os dois) os responsáveis por esta fiscalização e controlo. O que me preocupa enquanto cidadão, é que empresas com uma dimensão considerável, possam estar a laborar normalmente, não cumprindo todos os requisitos de higiene e segurança, pondo em causa a saúde ambiental e pública, sem que sejam fiscalizadas e, se for caso disso, impedidas de funcionar. Não sei se a legislação é boa ou má, se há ou não pessoal suficiente para efectuar este tipo de trabalho, mas pelo que vou lendo e ouvindo na comunicação social, é para mim claro que ainda muito há a fazer nesta matéria.

No que à resposta ao surto diz respeito, parece-me que a mesma tem sido, globalmente, positiva e penso ser esta a ideia que a maioria da população tem, nomeadamente, aquela que foi afectada pelo surto. Tenho gente conhecida na zona de Vila de Franca de Xira e o que transmitem, apesar do normal receio, é que sentem confiança nas autoridades, no seu trabalho e nas informações que vão sendo transmitidas por estas. A sensação que tenho é que a resposta foi rápida e eficaz. Com celeridade foram criadas condições nas unidades hospitalares para o adequado tratamento aos infectados e foram constituídas equipas para a identificação da origem do surto. Além do mais, a informação que foi transmitida à população acerca dos sintomas, do modo de transmissão e dos cuidados a ter, revelaram uma enorme eficácia na comunicação. Neste ponto em particular, é de elogiar o trabalho da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e, principalmente, do seu responsável máximo, o Dr. Francisco George, que, de uma forma eficaz, com uma linguagem simples e de fácil descodificação pelo cidadão comum, tem sabido dar todas as informações necessárias à população, evitando sempre a especulação e a precipitação que, normalmente, nestas situações, acabam por originar situações de pânico e alarme, totalmente, injustificados. Também merecedor de elogio, tem sido o trabalho efectuado pela comunicação social na cobertura deste surto. Na sua generalidade e de uma forma ponderada como a situação exige, tem sabido informar a população com seriedade, evitando alarmismos desnecessários e seguindo as indicações que a DGS e as demais autoridades com competência nesta matéria têm fornecido.

Atravessamos ainda aquele que é o terceiro maior surto de legionella de sempre em todo o mundo (havendo a possibilidade de se tornar mesmo o maior de sempre). Penso que o estamos a fazer com tranquilidade e tem ficado demonstrado que podemos confiar nas nossas autoridades, pelo menos, no que ao tratamento e à resposta a um surto deste tipo diz respeito. Assim sendo, que se retirem as ilações necessárias deste surto. Corrija-se o que está errado a montante, melhore-se o que deve e pode ser melhorado e mantenha-se com a eficácia necessária o que funcionou correctamente. Parece-me a mim, que a resiliência no que à protecção civil e à saúde pública dizem respeito, passa muito por isto.

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