Se há algo que ficou claro neste acontecimento, no meu ponto de vista, são as falhas que ainda existem na prevenção e fiscalização a possíveis situações que possam pôr em causa a saúde ambiental e, em última instância, a saúde pública. Não conheço a legislação em vigor e não vou afirmar se deve ser o Estado ou as entidades privadas (parecendo-me lógico que sejam os dois) os responsáveis por esta fiscalização e controlo. O que me preocupa enquanto cidadão, é que empresas com uma dimensão considerável, possam estar a laborar normalmente, não cumprindo todos os requisitos de higiene e segurança, pondo em causa a saúde ambiental e pública, sem que sejam fiscalizadas e, se for caso disso, impedidas de funcionar. Não sei se a legislação é boa ou má, se há ou não pessoal suficiente para efectuar este tipo de trabalho, mas pelo que vou lendo e ouvindo na comunicação social, é para mim claro que ainda muito há a fazer nesta matéria.
No que à resposta ao surto diz respeito, parece-me que a mesma tem sido, globalmente, positiva e penso ser esta a ideia que a maioria da população tem, nomeadamente, aquela que foi afectada pelo surto. Tenho gente conhecida na zona de Vila de Franca de Xira e o que transmitem, apesar do normal receio, é que sentem confiança nas autoridades, no seu trabalho e nas informações que vão sendo transmitidas por estas. A sensação que tenho é que a resposta foi rápida e eficaz. Com celeridade foram criadas condições nas unidades hospitalares para o adequado tratamento aos infectados e foram constituídas equipas para a identificação da origem do surto. Além do mais, a informação que foi transmitida à população acerca dos sintomas, do modo de transmissão e dos cuidados a ter, revelaram uma enorme eficácia na comunicação. Neste ponto em particular, é de elogiar o trabalho da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e, principalmente, do seu responsável máximo, o Dr. Francisco George, que, de uma forma eficaz, com uma linguagem simples e de fácil descodificação pelo cidadão comum, tem sabido dar todas as informações necessárias à população, evitando sempre a especulação e a precipitação que, normalmente, nestas situações, acabam por originar situações de pânico e alarme, totalmente, injustificados. Também merecedor de elogio, tem sido o trabalho efectuado pela comunicação social na cobertura deste surto. Na sua generalidade e de uma forma ponderada como a situação exige, tem sabido informar a população com seriedade, evitando alarmismos desnecessários e seguindo as indicações que a DGS e as demais autoridades com competência nesta matéria têm fornecido.
Atravessamos ainda aquele que é o terceiro maior surto de legionella de sempre em todo o mundo (havendo a possibilidade de se tornar mesmo o maior de sempre). Penso que o estamos a fazer com tranquilidade e tem ficado demonstrado que podemos confiar nas nossas autoridades, pelo menos, no que ao tratamento e à resposta a um surto deste tipo diz respeito. Assim sendo, que se retirem as ilações necessárias deste surto. Corrija-se o que está errado a montante, melhore-se o que deve e pode ser melhorado e mantenha-se com a eficácia necessária o que funcionou correctamente. Parece-me a mim, que a resiliência no que à protecção civil e à saúde pública dizem respeito, passa muito por isto.
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