Este texto por mim elaborado, foi publicado na edição de Fevereiro da newsletter do CEIPC (Centro de Estudos e Intervenção em Protecção Civil). Esta é a primeira parte do mesmo.
Nota: ao contrário do que é habitual neste blogue, o texto foi escrito segundo as regras do novo acordo ortográfico.
"A AUTOPROTEÇÃO DOS
CIDADÃOS
Quer
seja pelos enormes avanços tecnológicos obtidos durante o séc. XX e que
continuam no atual século, quer seja pelos efeitos provocados pelas alterações
climáticas (induzidas pelo paradoxo criado pelos referidos avanços tecnológicos),
é unânime a definição de “Sociedade de
Risco”, desenvolvida pelo sociólogo Ulrich Beck, para caracterizar a atual
sociedade onde nos inserimos.
As
sociedades que possuem um nível mais elevado de gestão de risco, são as que possuem
serviços de proteção e socorro competentes e que respondem com eficácia e
prontidão a qualquer emergência e as que contam com cidadãos informados e
formados para as questões da prevenção e da redução de riscos.
Num
artigo de opinião publicado no jornal Público a 1 de Março de 2013, aquando da
comemoração do Dia da Proteção Civil, que tinha como mote “O cidadão: primeiro agente de proteção civil”, o tenente-general
Manuel Mateus Couto, à data Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil
(ANPC), referia que "os cidadãos são, hoje em dia, simultaneamente protagonistas e agentes ativos de proteção civil, no direito à informação sobre os riscos a que estão sujeitos no seu dia-a-dia, e no dever de adoção de medidas preventivas e comportamentos de autoproteção adequados".
O cidadão como primeiro agente de proteção civil
Muitas vezes, ao fazer referência aos diversos agentes de proteção civil, enumeram-se as diversas instituições com essa responsabilidade e omite-se o papel dos cidadãos no sucesso de uma política de proteção civil que se quer transversal a toda a sociedade.
Se analisarmos o papel dos cidadãos neste domínio, seguindo o denominado Ciclo da Catástrofe, podemos afirmar que o seu papel é fundamental em todas as fases do Ciclo: na fase da Prevenção/Mitigação, cada cidadão pode e deve tomar medidas de proteção de modo a eliminar ou reduzir o impacto de um ou mais riscos a que ele e a sua comunidade estão sujeitos (ex: criação de faixas de gestão de combustível ao redor de casas para prevenir incêndios florestais); na fase da Preparação, a população deve ser sensibilizada e formada através da participação em ações de sensibilização e exercícios que simulem a ocorrência de um determinado evento. Nesta fase, o importante é o envolvimento da população nas diversas ações que visam prepará-las para a emergência (ex: assimilação dos gestos a desenvolver durante a ocorrência de um sismo, identificação de rotas de evacuação em caso de alerta de tsunami ou o incentivo à criação de planos de emergência familiares); na fase da Resposta, os cidadãos são os primeiros a poder socorrer os que lhes estão mais próximos e serão eles, também, a providenciar as primeiras informações às entidades com responsabilidade no socorro. Em situações de catástrofe, durante as primeiras horas após a ocorrência do evento (ou durante a ocorrência do mesmo), é a população quem enceta as primeiras ações de socorro e de busca e salvamento (as equipas de emergência podem demorar horas ou mesmo dias a chegarem aos locais mais atingidos). É, assim, fulcral a aposta na formação em Suporte Básico de Vida, sendo também pertinente a aposta na criação de equipas no seio das comunidades com formação e meios para procederem a uma primeira intervenção; por último, na fase da Recuperação/Reabilitação é importante a sensibilização das populações para melhorarem o que pode ser melhorado e reconstruirem de acordo com os riscos a que estão sujeitos, sendo que as questões ligadas à Prevenção/Mitigação voltam a ganhar protagonismo, voltando o Ciclo à fase inicial."
Link para a segunda parte do texto: A autoprotecção dos cidadãos - parte 2
Link para a terceira parte do texto: A autoprotecção dos cidadãos - parte 3
Link para a segunda parte do texto: A autoprotecção dos cidadãos - parte 2
Link para a terceira parte do texto: A autoprotecção dos cidadãos - parte 3
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